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quinta-feira, 3 de junho de 2010


Tonhão, um repórter no Futuro

Tonhão criou uma máquina do tempo. Com ela, viaja ao futuro e conta o que anda acontecendo lá na frente, às vezes muito adiante. Tonhão cunhou uma lógica subversiva: é preciso visitar o futuro para construir o presente; ou, se você não tem uma máquina do tempo, é preciso "projetar" o futuro para construir o presente. E às vezes, se projetamos um futuro sombrio, será preciso alterar radicalmente o presente. 


MINHA NAVE INTERTEMPORAL, "HAL 9000", ESTILO BELLE ÉPOQUE, QUE ME LEVA A QUALQUER ANO DO FUTURO  



Ano 3.201 – Lá vou eu, mais de mil anos à frente. Nietzsche falava no “eterno retorno” e muitos historiadores entendem que a História se repete em ciclos. Pois bem, meus leitores aí do presente: aqui no início do quarto Milênio noto que a América está islamizada. A minha nave intertemporal “HAL 9000” sobrevoa o Brasil. Que, aliás, está qualhado de mesquitas, tal como, aí atrás, é qualhado de templos católicos. Idem toda a América Latina, Canadá e Estados Unidos. Um cenário que lembra bastante o triunfo da cristandade na Roma antiga, lá pelo Século VI, VII. No entanto, aqui em 3201, embora os muçulmanos tenham imposto Maomé, ainda há focos tolerados da fé cristã. As minorias cristãs chamam essa era de “Segunda Idade Média” ou “Nova Escuridão”. As liberdades são restritas, mas não tanto como na maioria dos países muçulmanos aí do presente. O poder, por exemplo, do presidente norte-americano é bastante limitado pelo Conselho Muçulmano das Américas. Aliás, aqui no futuro, o presidente norte-americano é o presidente das três Américas, que se encontram federalizadas, incluindo o Brasil. Os cristãos mantêm uma certa estrutura capitalista de pé e tentam preservar o saber científico e a tecnologia. Mas o poder é exercido por uma teocracia que mantém o presidente sob controle. Tudo que ele decidir pode ser rejeitado pelo Conselho, que detém a última palavra. Os setores radicais islâmicos não têm apreço pela ciência nem pela tecnologia. Interpretam passagens do Alcorão como condenatórias da ciência, que seria arma do mal, inimiga da fé e do Profeta. Para mim, particularmente, esse foi um dos mais deprimentes cenários que encontrei no futuro: todo o saber científico, avanços e garantias de liberdades desprezados ou revogados por uma teocracia obscurantista e retrógrada. Vocês aí no presente comecem a agir para desmontar esse cenário melancólico. É preciso observar que fatores aí na nossa época já estão agindo para criar uma América tão sombria aqui no futuro. Volto rápido e atordoado para minha querida nave intertemporal. Sinto alívio ao decolar e deixar na poeira do tempo esse lúgubre ano 3.201. Ate breve, com mais notícia

Ano 2115 - A bordo da minha máquina do tempo, que batizei "Hal 9000" em homenagem ao computador vilão de "2001, Uma Odisséia no Espaço", avisto uma paisagem deserta, arenosa, sem vestígio de vida,  animal ou vegetal. O mar está enegrecido, oleoso, como que afetado por um gigantesco vazamento de petróleo. O relevo lembra muito o Rio,  com dois morros semelhantes ao Pão de Açúcar e outro que se parece com o Dois Irmãos. A bordo da minha nave, consulto o painel de informações históricas: "no local existiu  a Cidade do  Rio de Janeiro,  destruída numa guerra entre traficantes de drogas equipados com mísseis nucleares portáteis".

Não sei o que faria sem o meu painel de informações históricas durante as minhas andanças pelo futuro.

Ano 6018 - Consulto o painel de localização: "Planeta Vênus". Nesse ano distante, pelo visto, já colonizamos o planeta vizinho e certamente muitos outros.  As cidades de Venus são inimagináveis, cheias de prédios altíssimos. Estranho a ausência de atmosfera artificial oxigenada. Como é possível a um ser humano respirar por aqui? Será que sofremos uma mutação tão radical? Vou aproximando a Hal 9000 da maior metrópole venusiana, onde avisto um  prédio descomunal,  com cerca de  quinze quilômetros de altura. No terraço, um letreiro gigantesco ostenta os dizeres: "UPO - United Planets Organization". Há um movimento muito grande de robôs, milhares deles, ingressando no prédio. Parece que haverá uma espécie de assembléia importante.  Pelo clima descontraído, parece  uma assembleia meramente comemorativa.  Não avisto seres humanos. No plenário lotado, o Robô 34-Z318-FFW-20, Secretário-Geral da Organização dos Planetas Unidos, abre a assembleia:  "senhores, não podemos deixar de homenagear a memória da raça humana, cuja extinção completa hoje mil anos". "Ela cumpriu a sua missão, que era iniciar a colonização do Universo e sobretudo  criar-nos". Os robôs presentes batem palmas, o que desencadeia um ensurdecedor ruído de metais em colisão. Onde eu coloquei meu protetor de ouvidos...

Ano 4112 -  Estou na Terra. Milhares e milhares de edificações semelhantes aos templos católicos aí do presente estão em toda parte, em todas as cidades. Mas em vez de cruzes, todos os templos trazem o mesmo símbolo: a mão com quatro dedos esticados e o polegar recolhido.  Chego em meio às comemorações de 2000 anos da oficialização da Beatlemania como religião mundial.  Um sacerdote do baixo clero, um "harrison", conversa com um seminarista, um "ringo",  enquanto passeiam no jardim de um mosteiro.
- Não adianta, meu jovem ringo, jamais saberemos exatamente como foi.
- Sabe, harrison David, eu acho que os lennon e os mccartney sabem de tudo. Eles tem acesso a registros audiovisuais milenares. A mídia está sempre dizendo que os Beatles eram humanos como nós e que na época deles jamais foram considerados salvadores. Fala-se também que os registros do Século XX  existem e estão em algum lugar secreto... 
- Isso é heresia! A mídia fala muita bobagem, invencionice. Basta sabermos que eram quatro músicos que tinham a divina missão de renovar, através do "Cancioneiro Beatle Sagrado",  a salvação iniciada por Cristo: "Os Quatro Rapazes da Salvação". Basta o que está no terceiro testamento. Vocês ringos sempre com dúvidas e perguntas. Mas Deus releva... "Quatro Rapazes, guiai-nos sempre"...
Amém, responde um ringo sem grande contrição.

O jovem ringo seguiu em silêncio, enquanto o velho harrison assobiava o seu cântico sagrado predileto, Lucy in The Sky With Diamonds.

Ano 2420  – E lá vou eu na minha Hal 9000. No painel de busca, digito “comportamento sexual no século XXV”. O “freio automático da busca” é um recurso incrível que detém o veículo no ano e no lugar mais indicado para a minha indagação. E por isso a minha nave intertemporal pára instantaneamente no ano 2420 e bem em frente à janela de uma sala de aula de História. Quer um momento melhor para saber o que se passa numa época do que uma aula de História? Estaciono bem em frente à tal janela da sala e fico escutando: “E era assim há 300 anos atrás”. “Os machos vinham ao mundo com o impulso de possuir várias mulheres, de se atrair simultaneamente por muitas”. “Até que o Tratado da Fidelidade surgiu em 2152”. São signatários desse tratado quase todos os países”. “Com a implantação de um Chip nas mulheres, as gerações futuras passaram a gerar homens com a mesma estrutura sexual feminina, predominantemente monogâmica”. Um adolescente levanta a mão: “quer dizer que nós éramos promíscuos? Além da namorada desejávamos outras?”, indaga o jovem com cara de repugnância. “Sim”, responde a professora, “devia ser um inferno”. “Havia separações de casais, em grande parte causadas pelo homem”. “Na verdade, os casamentos duravam pouco...” O aluno intervém novamente: “as pessoas acabavam com os casamentos por esse motivo?” “Sério?” A professora prossegue: “sim”. “É quase inacreditável pensar que a maioria dos casamentos acabava por causa desse impulso masculino”. “Hoje, temos 10% de separações em todo o mundo”, completa a professora. “Há trezentos anos atrás as separações giravam em torno de 85% ao cabo de cinco anos em média de união”, finaliza, para a perplexidade da classe adolescente. Uma classe muito bem comportada nas suas relações amorosas, pelo visto.s aqui do futuro. Lá vamos nós, eu e minha HAL 9000.

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FURO DE REPORTAGEM DO TONHÃO!



DILMA! NOVAS E ESTARRECEDORAS REVELAÇÕES!

Recentemente, a revista SHOOT THE HEAD e o jornal BIG GUNS OF AMERICA, duas publicações pacifistas norte-americanas de prestígio internacional, veicularam bombástica(!) reportagem sobre o arsenal nuclear brasileiro. O arsenal estaria em silos subterrâneos, no coração da Amazônia. Estima-se que os silos abriguem de 100 a 150 mísseis nucleares e que tenham sido construídos a partir de 1985, através de um projeto militar brasileiro altamente secreto denominado "BOMBA MEU BOI".

Os lideres dos países desenvolvidos temem uma aliança entre a presidente Dilma e Ahmadinejad. Ambos disporiam de um razoável arsenal nuclear que colocaria em risco todo o planeta. A imprensa norte-americana já vem apelidando os dois de "Casal Apocalipse". Em uma charge, a revista SHOOT THE HEAD mostra Dilma de noiva e Ahmadinejad de noivo, ajoelhados diante de um grande míssil.

Já o jornal BIG GUNS OF AMERICA destaca o temor do governo norte-americano de que Dilma transfira tecnologia nuclear para o grupo de Bin Laden. O jornal informa ainda que o governo norte-americano cogita intervir militarmente no Brasil, já que Dilma no poder é inaceitável para os EUA. O plano secreto de invasão do Brasil vazou e a revista SHOOT THE HEAD informa que a operação chama-se "Operation Big Month" ("Operação Mensalão") e prevê o bombardeio de Brasília. Logo após o bombardeio, milhares de paraquedistas norte-americanos seriam lançados sobre Brasília. Uma vez instalado, o governo militar de ocupação criaria cortes marciais para julgamento dos congressistas brasileiros. O plano prevê também o julgamento de Dilma por crimes contra a Humanidade e genocídio, de acordo com leis marciais, e a condenação sumária da terrorista, que seria enforcada na Esplanada dos Ministérios, em execução pública, transmitida via satélite para todo o mundo sob o patrocínio de um pool de empresas norte-americanas e brasileiras. GLOBO e RECORD já disputariam exclusividade de transmissão no Brasil.

Na extensa reportagem, o BIG GUNS OF AMERICA comprova ainda conexões entre o PT e a Al-Qaeda de Bin Laden. O jornal obteve e publica fotos inéditas de José Dirceu encontrando-se secretamente com Bin Laden, em seu esconderijo nas cavernas do Afeganistão. Em diversas fotos os dois líderes terroristas apertam as mãos efusivamente e examinam mapas dos territórios europeu e norte-americano, planejando atentados em várias cidades. Em uma das fotos, os dois terroristas sanguinários aparecem abraçados, fazendo o "V" da vitória: Dirceu com barba e uniforme de guerrilheiro, fumando charuto, e Bin Laden sorridente, vestindo a camisa da seleção brasileira. Dirceu e Laden já são conhecidos entre os norte-americanos como "O Dueto do Mal".

(Tonhão Von Braunn, de Nova Iorque, especial para o Tonhão News

 
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domingo, 26 de julho de 2009

Atenção! O pensamento de Tonhão Von Braunn é patrimônio da Humanidade. Portanto, é livre a utilização e divulgação dos textos do genial teuto-ameríndio, desde que informada a autoria.
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TESTE BRAUNN: Você é corrupto?


Tonhão Von Braunn desenvolveu o “TESTE BRAUNN” como ferramenta auxiliar na luta pela erradicação da corrupção no Brasil.




VOCÊ SE CONSIDERA HONESTO? VOCÊ SE CONSIDERA MENOS CORRUPTO QUE MUITOS POLÍTICOS E PODEROSOS? FAÇA O TESTE AGORA! É RÁPIDO E QUASE NÃO DÓI!

 

Assinale todos os itens nos quais você se enquadra.


[ ] Já embolsou troco errado a seu favor?

[ ] Já frequentou jogatinas clandestinas (cassinos, rinhas de galo etc)?

[ ] Já apostou no jogo do bicho?


[ ] Já usou ou usa jogos ou programas “piratas” para computador?


[ ] Já adquiriu mercadorias de camelôs não autorizados?


[ ] Já adquiriu filmes, cedês ou devedês “piratas”?


[ ] Já obteve recibos para o Imposto de Renda por serviços jamais prestados?


[ ] Já forneceu recibos para o Imposto de Renda por serviços jamais prestados?


[ ] Já encontrou um objeto perdido ou esquecido e, mesmo podendo encaminhá-lo de modo a chegar ao legítimo dono, não o fez e ficou com o objeto?


[ ] Já trapaceou em jogos, esportes ou quaisquer competições?


[ ] Já adquiriu conscientemente falsificações de produtos de marcas ou grifes famosas?


[ ] Já ofereceu suborno a alguma autoridade para não ser multado ou para obter qualquer vantagem?


[ ] Você já se apropriou de algum bem de pouquíssimo valor enquanto ninguém notava?




DEPOIS DE ASSINALAR, CONFIRA ABAIXO O SEU RESULTADO.


Avalie o seu grau de corrupção




TABELA BRAUNN


A. VOCÊ NÃO  ASSINALOU  ITENS.


Parabéns! Você é um modelo de honestidade! Creio que como você existam pouquíssimos brasileiros! Você é uma raridade, uma espécie ameaçada de extinção que, no entanto, precisa ser salva e estimulada a replicar-se intensamente! Mas cuidado! Evite aproximar-se de políticos e poderosos. Por um lado, poderá contaminar-se. Por outro, pode ser vítima de atentados. Lembre-se: honestidade em todas as situações é uma virtude. Orgulhe-se de ser o que você é! Parabéns!


CLASSIFICAÇÃO: CIDADÃO EXEMPLAR.
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B. VOCÊ ASSINALOU ATÉ DOIS ITENS.


Traz dentro de você o vírus da corrupção, ainda que, felizmente, contido e tímido. Você não seria capaz de grandes golpes e trapaças. Não tanto por convicção, mas simplesmente por medo. Mas você não está longe de ser honesto! Vamos! Mude agora! Não surrupie nem mais um clipe ou elástico esquecido em balcão!


CLASSIFICAÇÃO: DESONESTO MEDROSO
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C. VOCÊ ASSINALOU ENTRE 3 E 6 ITENS.

Você é um corrupto moderado. Capaz de pequenos golpes desde que tenha certeza da impunidade. Acha normal pequenas falcatruas mas fica indignado com grandes maracutaias. Para você, roubar pouco é normal. Crime, só se roubar muito. Você representa a maioria da população brasileira, que é corrupta e nem se dá conta. Você pode ser chamado de cidadão corrupto padrão brasileiro, ou seja, você está entre os 90% da população brasileira. Mude já o seu comportamento! Talvez você ainda tenha salvação. Você e a maioria de nós!


CLASSIFICAÇÃO: CORRUPTO ARROGANTE (PADRÃO BRASILEIRO)
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D. VOCÊ ASSINALOU DE 7 A 9 ITENS


Você é um corrupto de verdade. Não titubeia diante de uma boa oportunidade. A diferença entre você e as quadrilhas de Brasília é apenas uma questão de quantidade e oportunidade. Já pode ser caracterizado como um criminoso consciente.


CLASSIFICAÇÃO: CANALHA CÍNICO
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E. VOCÊ ASSINALOU DE 10 A 13 ITENS.


Você é um criminoso nato, um caso patológico! Seria capaz de roubar e negociar a própria mãe. Ou mesmo de matar para acobertar os seus crimes. Felizmente, como você existem poucos, porque na alta faixa de corrupção em que você se enquadra são necessários dois atributos pouco comuns: ausência  completa de limites e muita audácia. Você é um câncer social terrível que precisa ser erradicado o quanto antes. E se ainda não enriqueceu, não se elegeu para nada nem integra máfias poderosas é porque o seu grau de corrupção é tão elevado quanto o seu grau de incompetência.  


CLASSIFICAÇÃO: FILHO DA PUTA

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Tonhão, Um Pensador

na Contramão




Pensamento em destaque


A desideologização do mundo moderno libertou-me, enfim, do complexo de culpa por não ser pobre.
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A poesia é ramo da ciência e explica tudo que todos os outros ramos não podem explicar.



Para o tecnodependente, o computador é tudo que ele não tem.

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Sem descer aos infernos da paixão, alçar-se às nuvens da paixão seria quase imperceptível.

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O capitalismo é fruto da essência de seu criador: o ser humano

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Para a maioria da população brasileira, a honestidade sempre foi uma abstração, um conceito puramente teórico, sem nenhuma aplicação prática.

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As religiões dificultam o contato entre Deus e os homens. A ciência facilita.

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Um dia, finalmente, não saberemos como é a morte.

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A Natureza e seus encantos: o cachorro estraçalhando o gato, o gato estraçalhando o rato, os predadores estraçalhando os herbívoros. Um equilíbrio delicado e harmonioso. 

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Somos todos máquinas. De carne e osso, mas somos máquinas.

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Crimes de ditaduras contra a pessoa humana não se justificam jamais pelo que de positivo as ditaduras possam ter realizado. Isso vale para quaisquer ditaduras.

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Os lugares mágicos da infância encolhem, murcham, tornam-se sombrios e inóspitos, assombrados pelos fantasmas do que nós éramos.


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Por que será que nas almas apaixonadas por música e poesia não penetram ambições de poder?

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Toda grande imprensa é grande empresa e todo jornalista que nela trabalha é primordialmente empregado e só secundariamente jornalista.

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A melancólica consciência da finitude só é atenuada pela loucura da fé. Ai dos que não enlouquecem.

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Ele era tão respeitado, tão amado, tão admirado que para ser ainda mais querido só faltava morrer.

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Finalmente, descobrimos para que serve o Estado: para salvar o capitalismo.

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Deus deve ficar triste ao ver as lendas religiosas que os homens criaram tomarem o lugar dos admiráveis fenômenos científicos que Ele criou.

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Sem o Deus Totêmico, caímos num terrível, assustador abismo de orfandade: o Universo. Mas talvez, no fundo desse abismo, encontremos, enfim decifrado, inteligível, pleno, o Deus Não-Totêmico.

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Por que será que pais e educadores normalmente decidem que a idade certa é muito depois que a criança ou adolescente manifestou espontâneo e entusiasmado interesse por alguma coisa?

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Grandes fofoqueiros são os poetas: vêem coisas que ninguém vê e contam tudo p'ra todo mundo.

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Nenhuma religião em particular, em face de qualquer outra, pode ser chamada de empulhação.

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HOMENS X MULHERES - Mulher: "Estou tão estressada que a última coisa que eu quero é sexo". Homem: "Estou tão estressado que a única coisa que eu quero é sexo".

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Haiti, Copacabana! - (d'après Rubem Braga)

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O Brasil é uma prova viva de que a suposta vocação capitalista do ser humano não é unânime.

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Nos velórios, os óculos escuros são providenciais: ocultam os olhos que não choraram.

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A diferença entre um homem normal e um estuprador reside em um único detalhe: o homem normal consegue se controlar.

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É claro que Deus existe e criou todas as coisas. Mas fica óbvio que no sétimo dia Ele abandonou tudo e sumiu.

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O comunismo, que pregava uma humanidade fraterna, a igualdade e a ausência de lucro, fracassou diante de um obstáculo intransponível: o ser humano.
 


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O fortalecimento das religiões, num dado momento histórico, é diretamente proporcional à fragilidade humana no mesmo momento histórico.

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Por que muitos preferem uma prostituta a uma boa conquista? Porque uma única boa conquista pode custar milhares de prostitutas.

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A esmagadora maioria normal e má da Humanidade jamais mereceu o martírio de uma ínfima minoria degenerada e boa.

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Se o homem foi, de fato, feito à imagem e semelhança de Deus, estamos todos nas mãos de um Louco muito Poderoso.

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Na verdade a juventude nada pode, embora saiba, e muito. Já a velhice pode tudo sim senhor, mas já se esqueceu do que sabia.

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A classe média é a guarda pretoriana da burguesia.

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Vagabunda é o nome que os homens dão às mulheres que se comportam exatamente como eles.

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A honestidade é um conceito complexo, composto de alguns elementos. Mas o elemento preponderante é o horror à punição.

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Caetano Veloso e Gilberto Gil são exemplos de uma singular classificação de comportamento sexual:  heterossexuais enrustidos.

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A melhor mulher do mundo é a próxima.

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E se Hitler estivesse perdidamente apaixonado em 1939?

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E Deus, enfim, ditou o terceiro e último e conciso Testamento: “Faça-se o nada”. Mas quando o Universo já ia diluir-se no nada, Deus disse: “mantenha-se apenas uma fenda no nada, por onde toque incessantemente a 5ª Sinfonia de Beethoven”. E assim se fez.

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Dois sinais prenunciam a decadência de qualquer grande civilização: quando seus homens sentem pouca vontade de guerrear e muito medo de morrer.

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Existir é uma imperfeição. Não se pode conceber a Criação perfeita. A única perfeição imaginável é o Nada. No momento em que algo se fez, rompeu-se com a perfeição, rompeu-se com o nada. A Criação foi uma ruptura com a perfeição. O nada é a ausência do tudo aleatório, do tudo imprevisível, do tudo imperfeito.

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Ironicamente, o “Reich dos Mil Anos”, sonhado por Hitler, só teria tido chances sem guerra, sem conquistas, sem atrocidades, sem Hitler.

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É preciso haver gênios nos dois pólos: entre os que criam e descobrem, mas também entre os que compreendem e apreciam.

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Minha doce Solidão: perdoe todas essas pessoas que vez por outra me roubam da sua incomparável companhia.

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Todos trazemos dentro de nós um grande canalha. Felizmente, ele só desperta se formos eleitos para algum cargo público.

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A inquietude é a característica do ser humano que mais serve aos desígnios que o criaram.

 

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Chico: o encontro perfeito  entre notas e palavras
 Chico é parceiro de si próprio e leva dentro dele o maior melodista e o maior letrista da MPB. Se cada sílaba de cada verso tem uma única nota perfeita a esperá-la, só Chico sabe onde elas se encontram



Há mais de dez anos, quando começou a febre de gravar música no computador, eu costumava distribuir entre amigos cedês com uma coletânea do Chico e mais capa, contracapa, leiauti, numa até que esmerada produçãozinha caseira. Aí abaixo, o texto que ilustrava a  antologia "Clássicos do Tonhão", sempre dirigida ao amigo presenteado.

"Pois é, enfim a seleção prometida. Devo frisar que ela não é nem de longe um “crema de la crema”. Mas é a que foi possível com os dois (?!) cedês de que disponho, pois só tenho a obra completa do Chico em vinil. Breve serão lançados os vol. II, III, IV, V, VI, VII etc. Note que o Chico nasceu um intransigente parnasiano do samba, um artesão de versos formalmente acadêmicos, de métrica e rimas rigorosíssimas, a despeito do conteúdo arraigadamente popular e da forte influência temática de Noel e da turma da Bossa Nova. E nunca deixou de sê-lo por completo, embora forma e fundo de seus versos evoluíssem vertiginosamente para uma verdadeira revolução".

"Assim, em A BANDA, a passagem vibrante de uma fanfarra na cidadezinha, inunda de uma alegria ilusória e fugaz o cotidiano triste de cada habitante, tornando jovem o velho e bela a moça feia, até que finalmente se restaura a dor de cada um. E eu, então com treze anos de idade, a partir daí corri atrás da banda e de todas as canções do Chico. Em QUEM TE VIU QUEM TE VÊ, versos de sonoridade bilaquiana narram o amor barrado pela súbita ascensão social da sambista amada. Em CONSTRUÇÃO, Chico transcende e atinge uma perfeição formal e uma universalidade temática absolutas, ainda que se utilizando da nossa peculiaríssima tragédia cotidiana. A saga do homem marcado para morrer é esculpida em primorosos versos alexandrinos - dodecassílabos de pausa na sexta sílaba - não rimicamente esdrúxulos mas tonicamente esdrúxulos, já que todos terminam invariavelmente em palavras proparoxítonas. Estas palavras finais de cada verso, porém, não se manterão fixas. Em um dado momento, saltam do final de um verso para o final de um outro verso, num rodízio vertiginoso que nos mostra o corpo do operário através de um caótico caleidoscópio urbano: ora atrapalhando o público, ora atrapalhando o tráfego, ora atrapalhando o sábado. Uma concepção de gênio, um efeito magistral, uma obra-prima".

"Na época, tinha-se a impressão de que o Chico atingira o auge e indagava-se o que mais ainda poderia criar. Era apenas 1972. Eu completara dezenove anos e extasiado tentava imaginar “O Que Será” que ainda viria... E Chico nem fechara a primeira metade de seu cancioneiro, à época cento e poucas canções de um total que hoje ultrapassa trezentos títulos. Tinha ele apenas vinte e oito anos, menos da metade de seus atuais e fecundos sessenta e cinco de vida. Enfim, você notou que eu escrevi singelamente “CHICO”. E por quê? Porque ninguém iria achar que se trata do Chico Viola (apelido do grande intérprete dos anos trinta, Francisco Alves) ou do Chico Science ou do Chico Serra. Quando se fala de música popular Chico significa Chico. Os outros têm que ter sobrenome. Abração".


TONHÃO VON BRAUNN

segunda-feira, 7 de julho de 2008



"2001, UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO",  COMPLETA 45 ANOS

Uma aula de cinema completa 45 anos em 2013. É o mais belo filme que os meus ouvidos ouviram e meus olhos viram. Épico e poético, instigante e angustiante, denso e dramático, emblemático. E surpreendente toda vez que o revemos. Um filme-tratado, um ícone sonoro e visual, o mais harmonioso congraçamento entre música e imagem jamais alcançado por qualquer outra obra cinematográfica.
(Tonhão Von Braunn)


E foi assim que, quando o filme completava 20 anos, em 1988, Tonhão poetou:


A VALSA, DE KUBRICK


Mas, ó, não! Espaçonaves não valsam!
Espaçonaves não podem bailar assim
Ao som de um valsa de Strauss
Elas são tão grandes
Elas não são gente
Elas são metálicas...
Como podem
Mover-se assim
Tão suaves, silenciosas
E delicadas e graciosas
Ao som do Danúbio Azul,
No breu do salão sideral ? Não podem...
Podem sim!
Stanley Kubrick
Quis assim.
Obrigado, Mestre,
Por eu ter tua obra
Para sempre em minha vida.




E quando o filme completou 30 anos, em 1998, Tonhão tornou a poetar:


2001

Ó meu Kerr Dullea!
Duramente confrontado
Com o dom de ser criador
E a dor de ser criatura
E eu, que tinha apenas
Dezesseis anos
Diante de tamanho drama,
Som quadrafônico
E tela de cinerama



quinta-feira, 24 de janeiro de 2008



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terça-feira, 22 de janeiro de 2008


Tonhão, De olho na Notícia
Cuidado, imprensa! Tonhão está de olho no noticiário.
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É aterrador: a matéria de capa da revista VEJA nº 2044, de 23 de janeiro de 2008, intitulada ''OS HERÓIS DO CAPITALISMO'', revela:

''Ser milionário é ter um uma poupança equivalente a 1 milhão de dólares''

''100 em cada 100.000 brasileiros já são milionários''

Mas Tonhão não se deixa enganar pela manipulação da notícia. A notícia está correta. Apenas foi apresentada por um ângulo maquiavelicamente favorável às soluções capitalistas. No entanto, o olhar arguto de Tonhão apresenta o ângulo correto. E tenebroso:


TODOS OS MILIONÁRIOS DO BRASIL CABEM NO MARACANÃ

APENAS 0,1% DA POPULAÇÃO É MILIONÁRIA (um décimo de um por cento!):

DE 180 MILHÕES APENAS 180 MIL SÃO MILIONÁRIOS.

A CRUA REALIDADE DOS NÚMEROS ATESTA A MAIS

MONSTRUOSA DESIGUALDADE SOCIAL

domingo, 20 de janeiro de 2008

Tonhão, Um Filósofo Humanista, quero dizer, Humorista

Tonhão responde, divertido e sarcástico, ao filósofo Olavo de Carvalho. Leiam, portanto, o texto de Tonhão e o texto de Olavo. De filósofo para filósofo.
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PEDERASTAS E COMUNISTAS: AS RAÍZES DE NOSSA TRAGÉDIA
Tonhão Von Braunn, filósofo teuto-ameríndio


A propósito do lúcido texto mais abaixo, de Olavo de Carvalho, devo dizer que não me contive e apresento as minhas considerações em apoio ao bravo intelectual. Olavo há muito denuncia o perigo comunista e agora vem denunciar o perigo gay. A luta sobranceira, quase solitária, empreendida pelo meu colega filósofo é de todo meritória. Sem dúvida, preocupar-se com a complexa e dissimulada comunidade gay no Brasil e com a crueldade infantofágica dos comunistas brasileiros, é angustiante prioridade. Não tenho notícia de dois grupos que, ao longo da História, tão solertemente venham minando a nação e as instituições.


Com efeito, o que os nossos comunistas e os nossos homossexuais têm perpetrado desde os primórdios de nossa colonização deveria mobilizar a comunidade internacional e produzir admoestações severas do Papa, advertências enfáticas da Onu e até mesmo uma saneadora e libertária intervenção norte-americana. Se o Presidente George W. Bush estivesse melhor assessorado, certamente estaria a par do que se passa por aqui, em matéria de aviltante pederastia, de deslavado comunismo. E provavelmente desviaria todas as forças que mantém no Iraque, numa guerra de importância duvidosa, diretamente para o Brasil. Seríamos legitimamente ocupados até a cabal erradicação das pragas gay e comunista.


Mas vamos aos fatos, documentos e comprovações históricas, para que o descortino do Olavo não se esvaneça em terreno sáfaro.


Desde que Cabral aportou em terras brasileiras, pederastas e comunistas se assanharam, quem sabe até mesmo em sórdido conluio, com o objetivo claro de instalar por aqui o caos, a desordem, a miséria, o analfabetismo, a concentração de renda, as doenças endêmicas, o narcotráfico e a fome.


Só ingênuos apedeutas e sesquipedais inocentes úteis não percebem que :


1. Pedro Álvares Cabral era comunista;

2. Pero Vaz de Caminha era gay.


Acompanhem, pois, a minha linha de investigação histórica, que vai ao encontro das lúcidas e preocupantes ilações olavianas.


Ao tomar posse das terras brasileiras em nome da coroa portuguesa, Cabral o fez, simbolicamente, através de que rito? De uma missa solene. E a quem a missa congregou? Congregou europeus civilizados e aborígenes incultos, comandantes letrados e marujos rudes, nobres e plebeus. Estavam todos ali, reunidos, em promíscua confraternização. E quem costuma pregar tanta igualdade, desconhecendo normas elementares, naturais de hierarquia e de estratificação social? Os comunistas, claro.


Resta, pois, alguma dúvida de que Cabral era um agente vermelho infiltrado na expedição lusitana? Quem seria ingênuo a ponto de negar que o navegador estava a serviço do movimento comunista internacional? Alguns crédulos poderiam alegar que o conceito de comunismo sobreveio muito depois. Ó estultice! Marx apenas estruturou teoricamente um movimento que remonta às catacumbas de Roma, nada mais.


Assim sendo, Cabral pode ser considerado, com justiça, o malsinado patriarca dos comunistas brasileiros.


Mas continuemos. Quem era o escrivão da esquadra? Pero Vaz de Caminha. Aqueles que tiveram o cuidado de ler atentamente as cartas dirigidas a El Rei constatarão o óbvio: Caminha era gay. E mais do que gay: era um ativista de escol do Movimento Gay.


Examinemos apenas um breve trecho, porém bastante revelador, daquela carta:


" Neste ilhéu, onde fomos ouvir missa e sermão, espraia muito a água e descobre muita areia e muito cascalho. Enquanto lá estávamos foram alguns buscar marisco e não no acharam. Mas acharam alguns camarões grossos e curtos, entre os quais vinha um muito grande e muito grosso; que em nenhum tempo o vi tamanho. "


Note-se a mal contida euforia de Caminha com um certo "camarão muito grande e grosso". E arremata, num indisfarçável êxtase pederasta: "que em nenhum tempo o vi tamanho". Ora! Fica clara a homossexualidade do escrivão, sobretudo se bem analisamos o vocabulário tipicamente gay empregado ao longo da carta! E note-se, ademais, que escrevinhações e atividades afins eram, na época, ofícios em que predominavam os efeminados.


Portanto, não é por acaso que lá estavam, na mesmíssima expedição, na mesmíssima nau, dois lusitanos expoentes do movimento comunista e do movimento gay. À socapa, Cabral e Caminha, desde que aqui aportaram, por certo agiam coordenadamente, unidos pelo interesse comum de criar uma nação tragicamente miserável e sofrida.


Enquanto as nossas elites políticas, o nosso bravo empresariado e os nossos grandes produtores rurais empreendem um esforço sobre-humano para dotar o país de justiça social, educação e saúde, bem como estirpar o câncer da fome e das doenças endêmicas, o que fazem gays e comunistas? Querem, ambos os grupos, manter a nação mergulhada em um mar de mazelas. Solapam todo e qualquer esforço para alcançarmos uma sociedade mais justa.


Enfim, é melancólico constatar que uma imensa maioria de ingênuos e de crédulos insiste em não enxergar o sórdido conluio, entorpecidos pela mídia, toda ela estrategicamente tomada, à sorrelfa, pela caterva pederasta-comunista.


Inobstante, sempre haverá esperança quando sabemos que inteligências iluminadas como a de um Olavo de Carvalho, ao qual, doravante, eu me junto, jamais se cansarão de denunciar a famigerada aliança efeminado-comunista, que há cinco séculos constitui-se na causa primordial da tragédia brasileira.

Ave, Olavo! Morituri te salutant !

(Tonhão Von Braunn é filósofo teuto-ameríndio)
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GOLPISTAS E VIGARISTAS
Olavo de Carvalho, filósofo
Os blogs vão acabar matando a grande mídia, se ela não tomar jeito. É a eles que temos de recorrer quando queremos notícias genuínas em vez de fingimento bem-pensante. Já falei aqui da "Nota Latina" (http://notalatina.blogspot.com), que considero a melhor e quase única fonte de informações seguras sobre o movimento comunista no continente. Agora me aparece outro, http://jaelsavelli.blogspot.com/, que não hesita em fazer, a respeito do alegado perigo homofóbico que assola o país, o cálculo comparativo que nem o governo, nem o jornalismo chique, nem os tagarelas acadêmicos e parlamentares ousaram jamais fazer, porque se o fizessem cortariam no ato sua própria língua mentirosa e falaz. Aí vai:

1) O Grupo Gay da Bahia informa que "entre 1980-2005, foram assassinados no Brasil 2.582 homossexuais" (fonte: www.ggb. org.br/assassinatos2005c.html).
2) O governo federal informa que "nos últimos 25 anos ocorreram aproximadamente 800 mil assassinatos no Brasil" (fonte: http://www.camara.gov.br/sileg/integras/ 398227.pdf).
3) O Grupo Gay da Bahia e o governo, juntos, informam que "os gays representam cerca de 14% da população brasileira: 24 milhões" (fontes: IBGE e www.ggb.org.br/ moviment_glbt4. html).

O leitor tenha a bondade de fazer as contas e verificar que, segundo esses dados, o número de homossexuais assassinados corresponde a 0,3% do total de vítimas de homicídios no Brasil.
Ora, a comunidade que abrange 14% dos brasileiros mas só 0,3% dos assassinados é exatamente o contrário de uma comunidade de risco, sob o ponto de vista policial. É uma das comunidades mais seguras, mais protegidas deste país. Com razão, ela se denomina "gay": É uma das poucas que tem motivo para estar alegre numa população que vive em permanente estado de luto.

Seus líderes, porta-vozes e advogados não podem alegar ignorância desse dado, pois são eles mesmos que o publicam. Se, não obstante, insistem em apresentar essa comunidade como vítima de violência endêmica, como necessitada não só de proteção extra mais de legislação especial que lhe permita criminalizar e mandar para a cadeia todos os que não gostem dela, a conclusão é óbvia: cometem fraude consciente, deliberada, com a finalidade de transformar riscos inexistentes em instrumentos para dar à comunidade gay um status social ainda mais privilegiado do que já tem. "Privilegiado" é eufemismo. Já expliquei em outro lugar (http://www.olavodecarvalho.org/semana/ 070604dc.html) que, pela amplitude da sua área de aplicação, a lei dita "anti-homofóbica" dará à militância gay um poder repressivo e intimidatório praticamente ilimitado, transformando-a num temível instrumento de chantagem nas mãos de seus mentores e aliados no governo federal e nos partidos de esquerda.

Se, ademais, a implantação dessa monstruosidade vem por meio da mentira e do engodo, então é claro que estamos diante de uma conspiração criminosa das mais perversas, astuciosas e bem camufladas que um grupo golpista já ousou tramar contra as garantias democráticas neste país.

Debater o caso sob o ângulo moral, religioso ou sexológico é discutir o sexo dos anjos, talvez também dos demônios, das sombras do Hades e até dos ectoplasmas. É alienação completa. Pois não é de sexo, de moral ou de religião que se trata nessa lei abjeta; é de poder, e poder sem limites. Duvido muito que a maioria dos homossexuais, no entusiasmo de suas paradas carnavalescas, tenha a menor idéia, seja da perversa engenharia política a que serve, seja do engodo publicitário montado para explorar, com esse fim, seus temores e seu esprit de corps.

Mas também duvido que os adversários da lei, inflamados na defesa de seus valores tradicionais, tenham a serenidade e o tirocínio para acertar o dedo na ferida. Atiçando as paixões polêmicas, desviando as atenções para a questão abstrata e extemporânea do "pró e contra o homossexualismo", o pequeno grupo de espertalhões golpistas coloca a seu serviço, simultaneamente, duas multidões de otários.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Tonhão Romântico e Idealista

Tonhão escreveu para VEJA, que, por sua vez, publicou um artigo sobre o Che Guevara absolutamente ridículo sob todos os aspectos: 1. a reportagem era superficial, amadora, destituída de um mínimo de apreciável conteúdo; 2. era uma propaganda anti-socialista tão mal-disfarçada que beirava o grotesco. Reparem o título: ''Che, A Farsa do Herói''. Céus! Isso é título de panfleto político distribuído na esquina. Inacreditável! E na capa da revista!
Por outro lado, é sabido que VEJA é uma revista anti-socialista, com pouca ou nenhuma simpatia por soluções sociais diretas. Ela defende aquelas teses de que tudo se resolve com muita produção, mercado, estado enxuto etc. E por aí vamos nós, 500 anos de estrada e nada. Até aí tudo bem, eu aceito, embora discorde. Agora, triste é prestar-se a uma reportagem tão barata, rasteira.
Só havia um intuito naquele texto vulgar e primário: denegrir a imagem de um figura histórica respeitada até por seus inimigos ideológicos. Pode-se, é certo, demolir a imagem de quem quer que seja. Mas com argumentos sólidos, pesquisa aprofundada, jornalismo de qualidade. Ao contrário, Veja publicou um enfadonho panfleto anti-socialista e, do ponto de vista jornalístico, um artigo deprimente. Parecia uma daquelas propaganda dissimuladas sob a forma de matéria. Aí já é descer demais. Foi melancólico. VEJA perdeu o respeito até dos seus adversários serenos, que, como eu, sempre a li e respeitei. Virou uma revistinha. Desceu, desceu muito. Triste. Até mesmo os leitores partidários das idéias que a revista acolhe e difunde perceberam. Foi de encabular.

A carta sarcástica de Tonhão, eterno sonhador, está aí abaixo.

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Li, com grande interesse, e, ao final, com grande alegria, a reportagem de capa intitulada "CHE, A FARSA DO HERÓI".

VEJA aponta os inúmeros defeitos, as falhas, os equívocos e mesmo os aspectos psicopatológicos do mito. A revista simplesmente mostra a cada um de nós quão de carne e osso foi esse grande herói, como tantos outros, como Churchill, Roosevelt, Gandhi, Lenin etc. Heróis não são deuses, não são anjos, não são super-homens. E a grandeza de cada um deles reside precisamente na superação de tantas e tão humanas limitações e na importância maior de seus ideais.

A reportagem, ao nos remeter à dimensão humana do guerrilheiro, nos remete, também, ao herói que cada um de nós pode trazer dentro de si, se abdicarmos de uma vida menor em prol de uma causa maior. Por isso é que Che Guevara é e será sempre um exemplo: renegou a melancólica "felicidade" de uma cômoda carreira de médico para internar-se, mesmo doente e asmático, nas selvas de países pobres tentando sublevar populações miseráveis contra governos opressores. Ninguém pode negar que ali estava um herói. Todos sabemos reconhecer um herói, independentemente de nossos credos político-ideológicos. E o Che foi um herói inquestionável.

Tenho certeza de que a partir dessa matéria, milhares e milhares de leitores de VEJA passarão a admirar ainda mais o grande revolucionário.

De tudo o que se disse na reportagem, o que fica mais claro para o leitor, ao final, é a obstinação idealista do guerrilheiro. Jamais esmoreceu. O Che derrotado na África e morto na selva boliviana é infinitamente maior que o Che triunfante em Cuba, entre charutos e mulheres: é o Che que não descansou sobre os louros e seguiu idealista até a morte.

É no Che maltrapilho, preso, amarrado, humilhado e assassinado na selva boliviana que está o mito, o mártir.

E ao depreciar e humanizar o mito, VEJA engrandeceu o herói.

Parabéns a VEJA!